Quase balzaquiana... e não é que não é tão ruim assim?

Quando fiz 28 entrei num verdadeiro pânico de estar chegando perto dos 30.
Um sensação estranha de que ia deixar de ser uma jovem menina e virar uma mulher adulta e então o mundo, as pessoas, eu mesma, iam cobrar bem mais de mim.
E ai? O que fiz até aqui? O que vou fazer daqui pra frente? Comecei a me perguntar se ia chegar aos 30 como imaginei quando tinha 17, 18 anos.
Pensei que os 29 iam ser fatais, já que era meu último passo para os 30.
E ai... cheguei aos 29 e realmente senti que alguma coisa mudou, mas para melhor.
Como vou chegar aos 30?
Não vou estar casada, não vou ter filhos, não vou ter uma casa na praia, nem vou ter o emprego dos sonhos.
Mas uma coisa eu acertei quando tinha 17, 18 anos. Serei extremamente feliz e relizada por ter vivido até lá da melhor forma, cheia de amigos, de risadas, viagens fantásticas, momentos inesquecíveis, pessoas especiais, experiências únicas.
De repente descobri que 29 anos é um idade maravilhosa, que para mim foi um marco de mudanças. Mudou muita coisa. Não precisei chegar aos 30 para me sentir uma mulher adulta. E isso não é mais assustador e sim delicioso.
Não tenho mais as certezas que tinha. E isso não é ruim, é surpreendente.
Não acredito mais em princípe encantado. E isso não é decepcionante, é libertador.
Não espero demais nem das pessoas, nem das situações, nem de mim mesma. E isso é confortante.
Não dá mais para tomar um banho rápido, sair de cabelo molhado para um evento e passar só um batonzinho no caminho. Tenho que dar um jeitinho no cabelo, dar uma disfarçada nas olheiras e escolher com calma a roupa que vai ficar melhor. E isso é divertido.
Não acho mais que é tudo preto ou branco, bom ou mau, certo ou errado. E isso me faz sorrir.
Eu me permito tentar, errar ou acertar é consequencia. E isso é mágico.
Sou mais tolerante, mais aberta para situações e pessoas diferentes das que fazem parte do meu ideal. E isso é íncrivel.
Amo as pessoas e a vida exatamente como são. E isso é a felicidade.
Consigo me ver com todos os defeitos e qualidades; todas as faltas e acertos. E isso me faz sentir melhor comigo mesma do que nunca.
Continuo rindo das situações, continuo falando alto, continuo amando mesmo tendo me machucado, continuo acreditando nas pessoas, continuo fazendo planos malucos, mas com pés no chão que não me deixam cair mais. E isso é crescer.